quinta-feira, 6 de outubro de 2011

O Plano de Negócio x O Projeto Científico

Uma das mais poderosas ferramentas utilizadas na administração de empresas é o Plano de Negócio. O nome já diz tudo: é um estudo, um planejamento sobre algum negócio., que pode ser entre outras coisas a criação de uma nova empresa, um novo produto, um novo setor dentro da empresa.

O que faz do Plano de Negócio tão importante é que ele junta conhecimentos de diversas áreas (marketing, estratégia, gestão de custos, finanças, etc.) com um único propósito. Talvez não seja o único modo de pensar, mas um jeito interessante de ver um Plano de Negócio é como projeto que se quer vender a alguém: você quer que alguém invista neste projeto e pra isso é preciso esmiuçar todas as partes do projeto, desde a análise do mercado até as finanças.

Esse aspecto aproxima muito o Plano de Negócio de um projeto científico: alguém precisa comprar sua idéia, seja um programa de pós-graduação, uma fundação, uma ong ou um órgão de fomento. Porém não é comum encontrar pesquisadores que não vejam seus projetos como um negócio e por causa disso algumas vezes ótimas idéias de pesquisas são engavetadas por que não souberam vende-las a investidores.

Um dos primeiros pontos a serem tratados num plano de Negócio é a análise do mercado. Pode-se compara este tópico à justificativa de um projeto científico, pois contextualizará a importância do negócio. Porém há uma grande diferença na abordagem: enquanto boa parte de um plano de negócio é a análise do mercado, não é raro encontrar projetos com introduções enormes e justificativas de menos de uma página.

Em parte isso se deve à diferença cultural que existe entre o universo científico e empresarial – não adianta você mandar um projeto pra FAPESP com um levantamento bibliográfico pequeno e uma análise de mercado enorme: quem vai aprovar seu projeto são cientistas, acostumados com o formato de projetos científicos. Aliás, muitas vezes boa parte da “análise de mercado” é justamente a pesquisa bibliográfica da introdução. Porém não podemos deixar de ver a pesquisa como um negócio e nem de contextualizarmos bem a pesquisa para mostrarmos sua importância e principalmente por que esse projeto é prioritário.

Outros dois pontos interessantes de um Plano de Negócio para serem abordados numa projeto de pesquisa diz respeito a gestão de custos e viabilidade do negócio.

É óbvio que saber qual o preço do projeto é essencial e muitas vezes isso é exigido pelos órgãos de fomento, mas mesmo se não for deve ser feito. Um controle adequado dos custos de um projeto evita que faltem verbas para a pesquisa e pode muitas vezes trazer outros benefícios como a compra de equipamentos para o laboratório. Outro ponto essencial a se ressaltar é que o levantamento adequado e consciente dos custos evita a supervalorização da pesquisa, assim, pelo menos teoricamente, os investidores têm mais dinheiro para investir em outras pesquisas.

Por último um tema obrigatório de um Plano de Negócio relaciona-se a viabilidade e rentabilidade de um negócio. Um projeto científico, que geralmente não objetiva ser um negócio rentável, não tem a necessidade de mostrar sua rentabilidade, mas é importante mostrar qual a importância desse projeto direta ou indiretamente para o ambiente, para a saúde ou até para a economia.

Certamente que boa parte dos pontos aqui levantados já são abordados dentro de um projeto de pesquisa. A grande sacada de olhar esse projeto como um plano de negócio é mudar um pouco o foco: é enxergar a pesquisa pelo o olho do investidor. Mais do que simplesmente ajudar uma projeto a ser aprovado, isso pode fazer com que uma simples idéia se transforme numa pesquisa, que pode se tornar um grande projeto podendo até virar uma empresa que além de gerar lucro, contribua também com o ambiente, a saúde e a economia.

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